domingo, 12 de julho de 2009

Mulheres-Lagarto


MULHERES-LAGARTO



Não vejo novelas, aliás, não sou fã de televisão, mas penso que, como forma de diversão barata, é válida e até certo ponto interessante. Neste mundano objetivo de encontrar um pouco de diversão após estafantes dias de trabalho, venho observando nos mais diversos canais de televisão a quantidade de mulheres que se submetem a procedimentos cirúrgicos relacionados à beleza física.

Também não sou a favor de cirurgias plásticas que tenham o objetivo meramente estético. Estas “pacientes”, salvo raríssimas exceções, ficam tais quais verdadeiros calangos nordestinos, crocodilos e jacarés. Chamo-as de Mulheres-lagarto. Desculpem-me os nordestinos, desculpem-me os calangos e me desculpem os crocodilos e jacarés.

Mulheres-lagarto não possuem expressão facial, parecem que são desnutridas de amor, felicidade, alegria, raiva, tristeza. São modelos esculpidas pelas mãos de médicos, não de Deuses. Talvez se utilizem deste artifício para disfarçar alguma incorreção artística, talvez tenham medo de perder a limitada juventude física, talvez não se encontrem em si mesmas, talvez sejam loucas, talvez simplesmente infelizes com suas formas naturais, talvez sejam simplesmente lagartos.

Mulheres-lagarto desafiam as leis da física e de suas próprias histórias, deixando ao passado tudo aquilo que as acompanhou até aquele momento. Aos homens é impossível saber se estão contentes, felizes, tristes, desanimadas. São umas “sem-feição”. Homens não entendem as mulheres-lagarto, Newton não as entenderia.

Mulheres-lagarto são todas iguais, parece que todos os doutores que as esculpiram se formaram no mesmo colégio. Não existem diferenças quando o assunto é cirurgia plástica. Ora, mas que colégio é esse? Tão fácil é observar como todas as nossas mulheres-lagarto são igualmente feias, e os tais colégios, ruins.

Mulheres-lagarto negam sua própria existência, não sabem que a verdadeira beleza está no que realmente possuíam. Desprezam aquilo que as diferenciava. Quem sabe futuramente tenhamos um mundo de mulheres-lagarto. Todas iguais. Sem diferenças. Seria uma forma de eliminar a concorrência feminina?

Mais uma vez, não há como fugir deste lugar-comum, a televisão determina padrões de beleza. Não é difícil encontrar mulheres apaixonadamente namorando gravuras de revistas e imaginando como seriam felizes caso fossem tais mulheres. Mulheres-lagarto são facilmente persuadidas pelos patronos da moda.

Cada vez mais jovens, moças vêm se submetendo a cirurgias plásticas para retocar algum “defeitinho” que acreditam possuir. Não entendem, não sei explicar se por falta de auto-estima, medo ou defeitos psicológicos, que são estes defeitos que as fazem lindas, interessantes, insubstituíveis. Fazer o quê? Vivamos a época das mulheres-lagarto, e, mais uma vez, desculpem-me os lagartos.


Um comentário:

  1. Concordo plenamente com tudo que que dissestes!

    Você escreve muito bem!

    Parabéns!

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