domingo, 9 de agosto de 2009

O VIADUTO DO MEU PAI



Neste dia dos pais, nada me faz lembrar mais o meu pai do que o Viaduto Santa Efigênia, localizado no centro de São Paulo. Para aqueles que não conhecem, o Viaduto Santa Efigênia é uma via cuja estrutura foi integralmente fabricada na Bélgica, com inauguração datada de 26/09/1913. Localiza-se sobre o Vale do Anhangabaú, tendo início no Largo São Bento e fim em frente à Igreja de Santa Efigênia. Para mim e meus irmãos, graças ao nosso pai, o que sempre foi o Viaduto Santa Efigênia era o Viaduto do Chá. Vou contar a história.

Desde pequenos, nas manhãs de sábado, nosso pai nos levou para passeios ao centro, ou à cidade, como preferir. Alguns pais levam os filhos para jogar futebol, mas o meu não. Ele gostava de nos levar para a misteriosa e grandiosa “cidade”, e sempre nos fez gostar daquele lugar. Contou histórias, ensinou a andar rápido para não ser assaltado, indicou pontos históricos. Tratou o centro de São Paulo com mais maestria que Caetano Veloso cantando SAMPA. Desde a minha infância em me lembro dele me contar histórias sobre o Viaduto do Chá. Contava que havia sido construído por ingleses, os quais mantinham plantações de chá no Vale do Anhangabaú. Só se esqueceu de dizer que aquele viaduto que dava na Igreja Santa Efigênia, perto das lojas de instrumentos e de modelismo, na verdade, era o próprio Viaduto Santa Efigência.

Alimentei esta impressão até pouco tempo, quando, para minha surpresa, falaram-me que aquele viaduto, na verdade, não se chamava Viaduto Santa Efigenia, bem como que não havia sido construído com materiais ingleses, mas sim belgas. A notícia serviu de gozação para toda a família por um grande tempo. Meu pai, como era de se esperar, nunca admitiu o erro, dizendo que todos nós é que havíamos nos enganado.

Certo ou errado, não importa. O que vale mesmo é que meu pai embutiu em mim e nos meus irmãos a paixão pelo centro, pelo que é antigo, histórico. Não importa que ele chamava o Viaduto Santa Efigênia de Viaduto do Chá, pois o que vale mesmo é que ele nos ensinou a descobrir, pesquisas, gostar de nossa história. Aliás, minha mãe deve culpá-lo até hoje por isso, pois perdi um ano de escola com viagens solitárias pelo Centro de São Paulo. Não aprendi a matemática, mas me aprofundei na história, na história do povo paulistano.

Decerto, acho que meu pai sempre soube que aquele viaduto todo feito de metal belga que orna a passagem pelo Vale do Anhangabaú é o Viaduto Santa Efigênia. Como já disse, não importa. Para mim, sempre vai ser aquele Viaduto construído por ingleses que o meu pai me apresentou numa daquelas tão gostosas manhãs de sábado. Pai, obrigado! Feliz Dia dos Pais!

domingo, 2 de agosto de 2009

ACADEMIA




Particularmente, não gosto de freqüentar academias. Desde os meus 17 anos, já me matriculei cerca de seis vezes nos mais diversos tipos existentes. Por um ou por outro motivo, sempre acabo desistindo. O pior de tudo é que, quando nos matriculamos, por vezes optamos, por questão de economia, a contratar aqueles planos anuais, nos quais acabamos presos até o fim de doze meses. Não sei não, mas acho que os donos de academia criam estes tipos de plano de propósito, pois decerto eles sabem que a maioria das pessoas tendem a desistir da malhação antes do término.

Por recomendação médica, e também por imposição de minha mãe e de minha namorada, dia destes me matriculei numa academia localizada aqui perto de minha casa. É tão perto que até posso ir a pé. No processo de escolha da academia, ponderei diversos fatores, dentre eles preço, localização e proposta. Queria mesmo fazer aquela academia mais cara, aquela da moda, mas seguindo orientações, optei por me matricular em uma academia mais baratinha, aquela mais perto da minha casa. Veja só, dá até para ir a pé.

Quando formalizei a contratação do plano, no meu mais íntimo consciente, sabia que estava entrando numa roubada. Sabia que logo iria me cansar daquele clima geralmente fútil e mecânico de academia e acabaria largando a malhação. Logo no primeiro dia, fui apresentado aos professores, uma mulher e outro homem. Não se preocupem, pois não farei considerações acerca das características físicas deles.

Aparentando estar um tanto quanto desmotivada, a professora fez com que eu fizesse um alongamento. Sinceramente, achei um alongamento muito fraquinho. Tenho know how para dizer isso, pois já freqüentei muitas academias e tenho experiência para fazer este tipo de julgamento. Foi tão rápido que nem senti nada se alongando. Pronto, minhas esperanças já se rebaixaram à metade. Decidi dar mais uma chance à professora, a qual me pôs para correr numa esteira. Fiquei lá por quarenta e cinco minutos, ouvindo música e olhando os carros passarem pela rua. Sinceramente, me senti um idiota, um daqueles ratinhos que corre nas suas rodinhas para se exercitar, mas sabia que, de uma forma ou de outra, aquilo havia contribuído para um melhor estilo de vida.

Depois da caminhada, despedi-me e fui embora. Os dias passaram, eu compareci o máximo de dias possível e em todos eles eu andei, e, pasmem, arrisquei até mesmo uma corridinha de dois minutos. Senti que estava progredindo, mas somente pelos meus próprios méritos, pois não tive nenhum tipo de acompanhamento da professora, a qual deixou inclusive de me recomendar os alongamentos medíocres. Sei que não sou nenhuma criança que necessita de acompanhamento personalizado para fazer aquilo que já aprendeu, mas senti que faltou um pouco de atenção da “profissional”.

O mais inacreditável ocorreu lá pela terceira semana de malhação, a qual eu chamo carinhosamente de aula de educação física para não me lembrar de que, na verdade, estou indo à tão nefasta academia. Voltando ao inacreditável, tão grande foi o meu espanto quando, verificando que já se passaram muitas aulas, o professor de musculação sequer havia elaborado o meu treinamento. Questionado, ele disse, demonstrando uma atenção um tanto quanto falsa, que faria, assim que eu pedisse. Pronto. A minha esperança de me empolgar com as aulas de educação física se rebaixaram para um nível muito crítico. Pensei. Será que se eu não falasse nada o professor iria deixar passar um ano para elaborar o meu treino diário? O que será que ele achou que eu estava fazendo lá? Como é certo, dei bronca, cogitei a possibilidade de reclamar com os superiores, largar a academia, porém contemporizei e deixei para lá. Vamos ver o que acontece a partir de agora, que o professor sabe que estou lá para fazer musculação, ou aula de educação física, como preferir. E prometo, para o bem de minha saúde e de minhas finanças, desta vez tentarei atingir a minha meta. Se não conseguir, ano que vem faço uma lipoaspiração!