segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O Inferno da Reforma


Meus pais são loucos por reforma. Não confessam isso, mas é evidente que adoram o ambiente de obra em casa. Nenhum dos dois é arquiteto ou engenheiro, porém tenho certeza que possuem muito mais conhecimento prático do que alguns universitários que andam com seus canudos por aí.

Na última empreitada minha mãe decidiu trocar o piso da cozinha, da copa e do quintal. Meu pai, receoso, resistiu o quanto pode, mas acabou sucumbindo à determinação dela. Contratado o pedreiro encarregado da obra, ambos foram até diversas lojas destas de materiais de construção para comprar os novos pisos. A escolhida foi a TELHANORTE, conhecido estabelecimento localizado às margens do Rio Tietê da capital paulista.

Como já era esperado, tudo correu às mil maravilhas no momento da compra. Atenção espetacular, disponibilidade de material, facilidades e até um cafezinho. Pronto, os clientes já estavam conquistados. Dias antes do início da reforma, como de costume, surgiu aquela expectativa. Ela é inevitável, por mais que se tenha experiência nisso.

Para a surpresa de todos, surgiu o primeiro problema. A TELHANORTE entregou o material errado. Os entregadores, maliciosos, aproveitaram-se da ausência dos donos da casa e enganaram a pobre da empregada: “Não tem problema, depois a gente vem trocar”(sic). Nem vou falar dos pedreiros, pois estes merecem uma história só para eles.

Quando minha mãe chegou em casa, espantou-se. Como a empregada aceitou aquele material errado? Não adiantava brigar com ela, ponderou meu pai. Começava aí o calvário da reforma.

Meu pai, que já não queria ter começado a reforma, culpava minha mãe, que por sua vez esgoelava-se com os atendentes da tal TELHANORTE pelo telefone. A atenção dispensada no momento da compra havia se transformado em desprezo e o sonho do piso novo já havia se transformado em pesadelo.

Só quem passa por uma grande reforma em casa sabe do que eu estou falando. No caso da minha família foram quase dezesseis anos de reforma contínua. Mexe daqui, conserta de lá, sempre meus pais encontraram algo para inovar. Não bastasse a inconveniência da obra em casa, agora surgia a falta de comprometimento da TELHANORTE. Várias foram as ligações e visitas ao SAC (Serviço de Aporrinhação de Clientes) da empresa. Diversas foram as reclamações, os protocolos de ligação, os escândalos com vendedores. Acreditem, foram três entregas erradas de material.

Começamos a acreditar que o problema estava conosco, não era possível tamanho descaso. Minha mãe, incansável, decidiu abandonar mais uma vez os seus afazeres profissionais e novamente foi ser maltratada por um pseudo gerente da TELHANORTE. Após novas ameaças, a surpresa, o tipo do piso que haviam vendido simplesmente não existia nos estoques. Três meses de engodo para nada. Menos mal, após novas discussões recebemos uma parte do dinheiro de volta (acreditem, a TELHANORTE ainda ficou nos devendo) e fomos até a C&C, ao lado, que cumpriu com o prometido e fez findar a já épica reforma em minha casa.

Confesso, a cozinha, a copa e o quintal ficaram lindos, não há como negar! Minha mãe, entretanto, deve ter perdido alguns anos de vida combatendo pedreiros e funcionários da TELHANORTE. Perguntei a ela se pretendia reformar algo mais em casa. A resposta vocês já podem imaginar.