sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Troco para cinco?

Que não há mais romantismo no criminoso dos dias de hoje, todos nós sabemos. Há tempos que estes “seres” deixaram de lado todo o pudor que os impedia de cometer atos bárbaros e partiram, sim, para a  mais pura obscenidade. Não se falam mais em ladrões de galinha, batedores de carteira, golpes do vigário e do bilhete premiado. Os bandidos passaram a adotar outra técnica: a da violência.
Tenho saudades da época em que os bandidos tinham nomes engraçados: José Galinha, João Trapaceiro, Mané das Couves, Zé Dorestes, Vicentina, Maria da Lé. Hoje são conhecidos por nomes "comuns" e muitas vezes bizarros: Wellington, Cleverton, Anisvaldo (!!). Não são mais galanteadores e apaixonados, incapazes de fazerem mal a uma mulher, tal qual diversos diretores de cinema os retrataram. São uns despudorados, isso sim!

Se o ladrão romântico já não existe mais, acredito que ainda restam uns poucos gatos pingados que podem ser considerados, ao menos, comediantes. Sim! Trata-se do ladrão engraçado!

Dia destes o meu irmão caminhava pela estação do Metro de São Paulo ouvindo sua música predileta no seu Ipod quando diante dele surgiu um homem bastante assustado e que se forçava para demonstrar-se como perigoso.

-Ei, mano! Passa quatro reais para minha mão agora! - Disse o vagabundo.

Meu irmão, por sequer acreditar que aquele sujeito moribundo e com cara de babaca se tratava de um assaltante, sequer deu bola para ele, e seguiu caminhando sem nem sequer fitá-lo com os olhos.

O ladrão, que sequer foi notado, assim permaneceu na obscuridade e nem reuniu forças para perseguir a sua vítima, que, sorrindo, caminhou até a saída da estação sem nem entender o que havia acontecido.

Quando soube da história fiquei pensando comigo mesmo. Como pode um indivíduo prestar-se à profissão de ladrão, uma das mais antigas da humanidade, e limitar-se a pedir quatro reais? Por que não cinco, dez, ou cinqüenta reais? Por que não subtraiu o Ipod que meu irmão segurava nas mãos? Qual o motivo de ter se limitado aos malditos quatro reais?

Fico aqui pensando o que ele teria feito se meu irmão, temeroso como só, tivesse lhe entregado uma nota de cinco reais. É bem possível acreditar que ele, satisfeito, devolveria o troco.