quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Maldita Bicicleta


Nunca fui um esportista. Não é que eu não goste de esportes ou coisa que assim o valha, mas a preguiça que me assola ao pensar em me movimentar apenas para me exercitar sempre foi um empecilho para que alguma atividade física me desse prazer.

Já tentei de tudo: Futebol, Volei, Musculação, Natação, Ginástica, Corrida e, pasmem, Yoga! Confesso que gosto de futebol e vôlei e estas atividades me dão sim prazer. O problema é que não tenho atributos suficientes para tais fins e invariavelmente sou tolhido das equipes em detrimento de unzinho qualquer que tenha mais habilidade. Musculação e Natação, por outro lado, me causam calafrios. Não consigo me adaptar à monotonia da musculação e fujo da água em dias mais ou menos gelados. A corrida até que me apetece: o problema é ter paciência para ficar correndo em círculos sem um destino específico. Finalmente, gosto da Yoga. Ela me faz bem e me deixa relaxado, porém ainda não me adaptei a este estilo zen que ela pronuncia.

Minha última tentativa com o esporte foi com a bicicleta. Meu primo estava bastante entusiasmado em perder alguns quilos e me incentivou a comprar uma bicicleta para acompanhá-lo. Resultado: caí na tentação e comprei uma bicicleta. Note-se: Não se trata de qualquer bicicleta. Eu sou metido! Comprei uma bela de uma bicicleta. Toda invocada e recheada de equipamentos. Os primeiros encontros foram divertidos e eu finalmente acreditei que havia encontrado minha alma gêmea esportiva. Ledo engano o meu.

Comecei a perceber que também não tinha aptidão para andar de bicicleta. Não que eu não saiba andar! Eu gosto de andar devagar, para sentir o vento e apreciar a paisagem. O problema é que meu primo e os veículos não entendem desta forma. Ao passo que um quer correr, correr e correr, os outros querem mesmo que eu saia de qualquer forma da pista.

A bicicleta, enfim, me desiludiu. Não me sinto apto a andar nela como um profissional. Acho que ela merece alguém melhor que eu. Resultado: Ela está guardada, solitária, no fundo da garagem. Sempre que tenho ânimo saio para dar umas voltinhas com ela, mas são sempre passeios curtos que acredito que em nada auxiliam na minha preparação física.

Não bastasse a desilusão com a minha magrela, tal qual foi meu desespero certa noite. Eu voltava da escola após uma cansativa noite de aulas quando, em uma certa curva, fui surpreendido por um ciclista mirim desavisado e imprudente que, em alta velocidade, cortou pela contramão e acabou por atingir em cheio a lataria de meu carro! Bicicleta desgraçada! Foi o maior susto. Tudo piorou quando soube que o acidentado não tinha mais que quinze anos de idade. Sorte a minha que ele não se machucou. Pena que não posso dizer nada do meu carro, que até hoje apresenta as marcas daquele acidente. Maldito garoto. Maldita bicicleta!